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Essa frase me acompanha há muitos cadernos.E a cada caos eu consigo entender um pouco mais o sentido dela.Por mais "atenta" que eu esteja, ainda me pego tentando dançar coreografias que deixam meu corpo tenso.Ignoro com maestria minha intuição na busca de uma aprovação, aquela externa que nunca vem, por que isso vem de dentro, lembra?Ok.A ferida do começo da jornada por aqui se fazendo presente.Respiro. Acolho. Cuido.Convoco a adulta, percebo que tem cicatriz que tá aqui só pra me lembrar que é o caminho da transformação que me chama.E nessa revolução íntima, estou aprendendo a dançar, sabendo que o caos é um bom mestre dessa alma aprendiz.🌱

Respirar.É nossa primeira ação na entrada desse portal.E é a última na saída dele também. Temos a capacidade de nos auto-regular usando esse recurso mágico. Respira fundo.O cenário atual traz dor, e não conheço quem não esteja sentindo os efeitos disso tudo no corpo.São dores, insônia, ansiedade.Somos humanos.E pelo menos por aqui, meu corpo tem sinalizado de diferentes formas a importância de parar e respirar com atenção.De não me perder dele nas flutuações da minha mente. A dança que eu danço e que convido outras mulheres a dançar, é uma oportunidade de exercitar a consciência no momento presente.A atenção aos sinais que o corpo nos dá quando insistimos em caminhos contrários ao da nossa alma. De um lugar de mais consciência corporal, ancoramos nossa presença através da respiração, dando permissão para que a energia que nos move possa remover pontos de tensão e então fluir naturalmente. 🌱💃🏽

Fico imaginando o dia em que ensinarem já na escola sobre os sentimentos.Fico sonhando com o dia em que o corpo passará a ser o único oráculo.O verdadeiro mestre. Imaginem que bonito um ser humano que dança com o que sente ao invés de rejeitar?Seria tudo mais leve se nos fosse ensinado desde cedo que aquilo que mais ansiamos já está dentro de nós.Que possamos parar de buscar lá fora aquilo que já é.💙

Quando paro pra pensar que nossos corpos são o ponto de encontro entre céu e terra me arrepio inteira.Eu sou dançada pela dança e isso me reanima. Me reacende.Quando criança, durante o período em que somos pura conexão, fui dançante. Adorava rodar uma saia.Mas não dançava muito coreografia pronta. Eu criava minha dança.Depois veio aquela fase em que eu acreditei que era desengonçada e sem ritmo.Mas peraí Aline, que ritmo?A dança que eu danço é Mistério.É a dança onde meu corpo se move a partir do bailado da minha alma.Frequentemente me perguntam:Por onde começar a dançar?Gosto de responder que é por dentro.Quando estamos rígidas, destruímos nossa espontaneidade. Aquela que a criança que habita dentro de cada uma de nós conhece bem.Aliás, é por esquecermos que já fomos crianças que deixamos de lado nosso poder de criar, imaginar e bailar.🐛🦋💃🏽 📸 Lembrança deliciosa dessa imersão dançante que mora em mim - Dance Mãe Bebê

A imagem corporal é uma construção.E entrar no espaço de uma pessoa que tem dificuldade com o próprio corpo pede muito respeito.Eu só consigo adentrar em outras histórias com delicadeza por que aprendi a respeitar as minhas cicatrizes. A reconhecer a força que elas têm na minha vida.Incorporei-as.Aprendi a me amar e a defender os meus espaços.E isso veio depois de uma vontade de me habitar.De querer conhecer melhor o meu corpo.Reorganizei a imagem que eu tinha de mim.E é desse lugar que hoje eu consigo dançar ao lado de mulheres que conhecem de perto o abuso, os transtornos alimentares e suas marcas, e sentem mais dor do que prazer em seus corpos.Dentro de mim tem uma força e uma raiva enormes de tanta repressão, que eu só quero ter saúde para ser canal e acender o fogo de interesse pela vida de cada mulher que ainda não reconheceu sua força.Aprendi a dançar entre a minha doçura e a minha fúria desde que conheci o poder da autorresponsabilidade. 🔥💃🏽

Insisto em confiar no poder da sincronicidade.E confio com a humildade de quem não é dona de nenhuma verdade.Hoje olho para a impermanência da vida com muito respeito.Os encontros com as mulheres que dançam comigo se dividem.No grupo, temos a oportunidade de olhar para características das deusas e sentir onde cada uma nos toca.Mas no individual é diferente, cada mulher traz a sua história, e conforme vamos nos conhecendo, os temas surgem.Hoje uma maravilha de presente dessa pandemia maluca, me pediu para dançar a morte.Mas olha só, justo eu falar disso?Há alguns meses atrás eu negaria.Falo isso abertamente.A passagem da minha Avó há quase 4 meses, fazendo parte desse número monstruoso que se apresenta (para quem consegue enxergar).Me levou no subterrâneo.Me pediu que olhasse com carinho para a imensidão que é a vida.O meu lugar é de aprendiz nessa dança.Todas as mulheres que confiam na minha condução são um grande espelho. E a isso sou grata demais.Volto sempre pro meu lugar, com olhos brilhantes de quem segue aprendendo e se alimentando de renascimentos.Falar sobre a morte é uma oportunidade lindíssima de avaliar como estamos vivendo a nossa vida.Hoje. Agora.É tudo.🤍🦋